quarta-feira, 10 de junho de 2009

Tiro de Guerra 02072_Leituras de um edifício

Fig. 01_ Vista do edifício em dia de formatura, 1972
Fonte: Leite 2008 e MUSA


Fig. 02_ Vista do edifício (maquete)
Fonte: Leite 2009

1.1 Da Leitura do Edifício

Toru Kanawaza (FAU-Mack 1961), projetou este edifício em 1964. Ocupa um terreno com suave declividade na esquina da Av. Prestes Maia com Rua das Silveiras. O projeto consiste em um único volume onde o térreo abriga os vestiários, depósito de materiais, cantina, sanitários e alojamentos para o corpo e o chefe da guarda além de barbearia. Um grande hall, logo no final da escada de acesso, distribui toda a circulação em dois corredores, dividindo em três zonas o interior do pavimento superior. Voltados para o oeste estão cinco salas de aula. No centro ficam os depósitos de armas e munições iluminados pelas zenitais na laje. Para leste ficam a sala dos sargentos e dos instrutores, reuniões, almoxarifado, secretaria e direção. Estruturalmente, o projeto consiste em uma seqüência de pórticos, com desenho peculiar, pois se afinam à medida que se aproxima do solo. Voltado para o norte, o entrecolúnio é de 25 metros de distância e origina um vão que abriga as atividades do treinamento militar, e integra visualmente a construção com o desenho do entorno. Anéis de concreto protegem a saída de águas pluviais, criando um contraste com as formas retilíneas do projeto. A estrutura assume um papel duplo pois a obra tem sua forma final totalmente definida pelo desenho de sua estrutura, sem utilização de outros elementos: O resultado é um edifício de desenho puro e marcado pela economia de materiais: concreto, ferro e vidro apenas. Com exceção dos pisos do pavimento superior, que são em tacos de madeira, todo o projeto foi resolvido com estes materiais.



Fig. 03 e 04_ Vista da fachada (maquete)
Fonte: Leite 2009


1.2 Da metodologia de leitura


Diversas metodologias podem ser aplicadas, quando se analisa um edifício ou conjunto de obras. Além das tradicionais pesquisas em revistas como Acrópole, Habitat e outras muito conhecidas pelos pesquisadores de projetos de arquitetura, especialmente os projetos brutalistas, este trabalho buscou uma associação entre bibliografia específica e redesenho digital, ou reconstrução digital. Após o levantamento das fontes primárias do projeto, adquiridos no arquivo do setor de obras públicas de Santo André, houve a conversão do suporte do desenho, do papel para o meio digital, via redesenho no Auto-Cad. Cortes, elevações, topografia, plantas foram redesenhados fielmente aos projetos originais. As informações adquiridas nas visitas in loco, mais o material recolhido em livros e nas entrevistas com colegas de Toru, foram extremamente importantes, porém o grande incremento no conhecimento sobre a obra, foi obtido com o trabalho de redesenho do projeto não só em duas dimensões como também em trêsdimensões, através da utilização do 3d Studio Max. A experiência que o estudo em três dimensões entrega ao pesquisador de arquitetura é extremamente importante e facilitadora, pois o redesenho é uma tarefa rápida e com resultados que não estão nas bibliografias, e às vezes nem nas visitas in loco. Curioso notar, que ao longo da graduação em arquitetura e urbanismo, é natural requisitar aos alunos que desenvolvamapresentações constituídas por leitura de obras emblemáticas. O resultado é geralmente simples transcrições dos textos, agregada as colagens de fotografias das revistas (Projeto e design, AU e outras) e uma visita, muitas vezes festiva e sem trena ou outro instrumento de medição, ao prédio em questão. O redesenho, além de elucidar informações preciosas do projeto, contribui para o desenvolvimento da representação gráfica dos alunos, não só o desenho de cortes, plantas e elevaçôes, mas também o desenho em três dimensões a partir de programas gráficos, realidade de grande maioria dos escritórios de arquitetura em atividade que baseiam sua representação gráfica no uso de programas computacionais.
Fig. 05_ Corte
Fonte: Leite 2009



1.3 Bibliografia de apoio
BONFIM, Jorge Olavo dos Santos. Depoimento gravado em 01 de junho de 2005. Santo André, (fita cassete), 2005.

ZEIN, Ruth Verde. A arquitetura da Escola Paulista Brutalista: 1953-1973. Tese (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRGS, Porto Alegre, 2005.
Estúdio Brasileiro (org.) Casa Oguy: arquitetura moderna em Santo André: Estúdio Brasileiro, 2005.

LEITE, Denivaldo Pereira. Inventário de Arquitetura Moderna no ABC: Edifícios Públicos em Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, 1960-1973. (mestrado). FAU Mack, 2008.

LEITE, Denivaldo Pereira. Inventário de Arquitetura Moderna no ABC: Reconstituição digital de obras emblemáticas construídas em Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sulentre 1960 e 1973. (livre). Fau Mack 2009.